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Texto I- Esporte e sociedade
Comecei a pensar sobre o esporte instigado, inclusive, por uma certa perspectiva, aquela dos jornalistas durante as Copas do Mundo e durante o regime militar. Eu concordava intelectualmente, mas discordava com o coração. Na tentativa de diálogo entre meu coração e minha cabeça, acabei me vendo obrigado a dizer alguma coisa sobre esporte. Nunca concordei, por exemplo, com o futebol como ópio, ou com esporte como um grande mistificador. Por uma razão muito simples, eu achava que só se pode mudar aquilo que se ama. Eu achava que a teoria do “quanto pior, melhor” para mudar o Brasil não era uma boa teoria. A teoria para mudar o Brasil é “quanto melhor fazemos e sentimos que as coisas melhoram, mais queremos mudar”. Na realidade, só entramos de cabeça rumo às grandes transformações, aos grandes riscos, aos grandes sacrifícios pessoais para transformar a nossa comunidade na medida em que amamos e assumimos nosso amor por nossa comunidade. O futebol, de todos os esportes, por uma série de razões, foi certamente a primeira dimensão mais pública, acessível e universalizada que deu a nós brasileiros este orgulho do Brasil. Certamente, ele não veio de nenhuma cartilha de escola primária, de nenhum curso universitário. Veio exatamente dessa atividade esportiva que tem um componente colonial, para que se veja como o mundo é feito, o sal da vida, exatamente o paradoxo e a contradição. Veio de fora, importado pelos filhinhos de papai ricos, filhos de donos de fábricas, que aprenderam a jogar porque estudaram em colégios ingleses de classe alta e acabaram trazendo o futebol para o Brasil. Aqui, esse esporte foi roubado pelo mundo popular e, sobretudo, pelos menos privilegiados ou oriundos das camadas dominadas da sociedade brasileira. Roubaram-no e o transformaram nisso que sabemos que ele é hoje, fazendo com que o Brasil seja o centro do futebol mundial, o país que mais exporta