Trabalhos
Sexta-feira, Julho 10, 2009 by Nehemias
Em uma série de posts anteriores, sobre a visão de fontes não cristãs sobre Jesus como Mestre e Sábio, eu utilizei o chamado "Testemunho Flaviano", do escritor judeu do século I, Flávio Josefo, seguindo a posição dominante entre os historiadores e estudiosos bíblicos de que parte do relato é autêntica, particlarmente a referência a crucificação, e seu retrato de Jesus como "homem sábio" e "realizador de feitos extraordinários".
No entanto, toda a vez que eu exponho esse ponto de vista, a réplica é imediata: "Josefo não era fariseu? Então, como ele poderia escrever algo bom sobre Jesus?". A questão da afiliação sectária de Josefo é complexa. Mas, por hora, acho mais interessante analisar o relacionamento entre os fariseus e Jesus de Nazaré.
A opinião popular, largamente difundida, é de que os fariseus eram um bando de hipócritas e falsos que perseguiam Jesus, e eventualmente conseguiram mata-lo.
Mas isso é verdade?
1) Jesus, os cristãos e os fariseus no Novo Testamento
A principal fonte antiga para a controvérsia de Jesus e seus discípulos com os fariseus é o Novo Testamento. Contudo, uma leitura atenta ao texto bíblico junto com a evidência de outras fontes mostra também muitas concordâncias. Os fariseus e os primeiros cristãos protagonizaram uma relação complexa.
É certo que os evangelhos retratam Jesus criticando repetidamente os fariseus; que Saulo (um fariseu) perseguiu os cristãos. Contudo, Nicodemos e Jose de Arimáteia são apresentados como fariseus. As crenças dos cristãos, em anjos, ressureição, vida após a morte os aproximavam muito mais desse partido, do que de qualquer outro grupo judaico de então.
Alguns fariseus avisaram Jesus que Herodes Antipas queria mata-lo (Lucas 13:31-35). Lucas também recorda pelo menos três ocasiões em que Jesus foi convidado a almoçar em casas de fariseus (Lucas 7:36;