Trabalhos acadêmicos
A T I V I D A D E
C A S O
João, 19, é estudante de graduação em Educação Física e está cursando cinco disciplinas. Seu amigo Fábio, 18, cursa direito e o avô de João, Seu Antero, 102, é natural de Cícero Dantas (BA) e, desde os 7 anos migrou para Sergipe, fugindo de uma seca que assolou o sertão brasileiro na primeira década de 1900. Sua história é marcada pela perda da mãe, que segundo ouviu de seu pai, morreu de “barriga d’água”. Aos 14 partiu para o Amazonas onde foi seringueiro e, aos 21 retornou para ser tangedor de animais do sertão para o embarque no trem em Boquim (SE). Homem simples casou aos 26 anos. Estudou pouco, mas de uma imensa sabedoria de ervas medicinais. Habilidoso com os animais tornou-se um veterinário prático. Estudioso dos astros, da natureza. Edificou a casa de taipa no alto de um morro, onde construiu uma casa de farinha ao lado, o local do carro de bois e o curral. A cadeira de balaço e o banco de madeira são sinais de cordialidade, das conversas no início da noite e nas tardes de domingo. Espaço social em que recebeu o pedido de casamento para as filhas, ou as futuras noras, acanhadas o cumprimentou, em meio a um olhar baixo e face enrubescida. Algumas delas ainda meninota. Criou 14 filhos, dos quais lhe deram 102 netos e atualmente conta 16 bisnetos, entre os quais alguns são homossexuais. Temente a Deus diz que os tempos mudaram e que mulher ficou igual a homem e aos poucos começa a perceber a diferença de costumes. Aos domingos recebe a visita do neto João, que nesta semana foi acompanhado do amigo Fábio. O almoço com os avós é numa casa de taipa simples, com fogão a lenha, banco de madeira no alpendre, porão de água no canto, galinhas ciscando ao redor. O cardápio é quase sempre o mesmo, mas tudo o agrada. Em conversa com o avô travou o seguinte diálogo.
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Escultura de Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, (Ribeira dos Campos, 10 de julho de 1909 — Caruaru, 20 de janeiro de 1963)