Trabalho
Na realidade não existe nenhum trabalho que seja totalmente físico ou totalmente intelectual, porque é impossível executar um trabalho manual sem utilizar a inteligência. A costureira, que planeja o desenho do vestido, o operário, que prepara o funcionamento da máquina, e o trabalhador rural que sabe qual é o melhor modo de cortar a cana, também precisam pensar! Muitas vezes, o trabalho intelectual também necessita de esforço. Afinal, cansa dar aula o dia inteiro.
Entretanto, em algumas sociedades, uns poucos homens se especializaram em pensar e orientar o trabalho dos outros, enquanto a grande maioria de trabalhadores braçais passou a receber as instruções dos trabalhadores mentais, ocorrendo uma divisão. Foi o que aconteceu há oito mil anos, em comunidades onde hoje estão o Iraque e o Egito.
Essa divisão do trabalho entre intelectual e manual servia para coordenar o esforço conjunto de milhares de trabalhadores nas obras de irrigação e construção de estradas, por exemplo. O serviço deles ficava mais organizado, o problema é que as pessoas especializadas no trabalho intelectual, no trabalho de pensar e de orientar o trabalho das outras pessoas, começaram a ter muito poder em suas mãos. O poder de dizer aos outros homens o que era certo e o que era errado, e o que deveriam ou não deveriam fazer. O poder de mandar nas outras pessoas.
Aos poucos, os trabalhadores intelectuais acumulavam privilégios e conseguiam mais direitos do que as pessoas comuns. Já não precisavam trabalhar duro, comiam melhor, contavam com mais conforto, então suas vidas estavam cada vez mais distantes das vidas das pessoas comuns. Eles começaram a se sentir diferentes, superiores aos que trabalhavam duramente.
Enquanto os séculos passavam, os especialistas em trabalho intelectual foram aprendendo cada vez mais sobre