Trabalho
O presente texto procura sintetizar alguns dos principais debates acerca das estruturas econômicas da América Portuguesa. A pretensão é de mostrar como as diversas tendências historiográficas avaliaram as atividades econômicas da principal colônia de
Portugal. A primeira consideração a ser feita é que algumas abordagens enfatizaram o funcionamento interno da colônia, ao passo que outras deram maior ênfase na sua ligação com a metrópole.
A obra de Caio Prado Júnior (Formação do Brasil Contemporâneo, 1942) apresenta a colônia brasileira como totalmente submissa à metrópole portuguesa. A economia era estruturada objetivando somente a transferência de lucros para Portugal e sua base se assentava na exportação, monocultura e trabalho escravo. O mercado interno na colônia era praticamente inexistente1.
Para Celso Furtado a colônia se organizava em função do mercado externo2. Assim como Caio Prado Júnior, desqualificou o mercado interno e também se deteve na monocultura, latifúndio e escravidão. Esses autores, embora não neguem a existência de um mercado interno, atribuem-lhe uma baixa complexidade, identificando-o como uma forma rudimentar de subsistência.
O principal teorizador das relações entre as colônias e suas metrópoles foi Fernando
Novais que cunhou, nos anos sessenta, o conceito de Antigo Sistema Colonial3. Novais é o autor que irá supervalorizar o tráfico de escravos ao considerá-lo vital para o processo de concentração de rendas nas principais potências européias de então, através do fenômeno histórico chamado acumulação de capitais, que, por sua vez, acabará por desembocar na
Revolução Industrial.
De uma certa forma, as obras desses três autores são complementares, principalmente se tomarmos Caio Prado e Fernando Novais. Para o primeiro a colonização tinha um claro sentido, que era o fluxo de matéria-prima da