trabalho
A crise argentina e o Mercosul | International Centre for Trade and Sustainable Development
MERCOSUR PONTES , VOLUME 10 - NUMBER 1
A crise argentina e o Mercosul
10 March 2014
Pedro Raffy Vartanian
As mudanças na política monetária dos Estados Unidos têm impactado significativamente a taxa de câmbio, a política monetária e o desempenho econômico dos principais países emergentes. Desde o início de 2013, várias moedas – como o real brasileiro, o rand sulafricano, a rupia indonésia e a lira turca – têm mostrado um processo de depreciação em relação ao dólar. O fortalecimento do dólar decorre da recuperação da economia estadunidense e da expectativa de uma política monetária contracionista no futuro próximo nos Estados Unidos. Paralelamente a esse cenário, verificou-se, no período recente, a condução da política econômica em alguns países da América do Sul baseada em medidas populistas, que se apoiaram e/ou resultaram em leniência com a inflação, ausência de austeridade fiscal, aumento do protecionismo comercial e a ampliação do intervencionismo estatal.
Nesse contexto, a economia argentina conviveu com um processo de depreciação de sua moeda em relação ao dólar diante das políticas implementadas no país no período recente, que resultaram em desequilíbrios macroeconômicos e perda de confiança na moeda.
Agravada pela nova conjuntura internacional, a situação da economia argentina se deteriorou ainda mais no início de 2014, ocasião em que o peso argentino mostrou forte depreciação, com uma perda de aproximadamente 20% do valor diante do dólar em apenas dois dias. Para tentar reverter o processo de desvalorização da moeda, várias medidas foram tomadas pelo governo, como a limitação de manutenção de reservas pelos bancos e a permissão para que os trabalhadores possam ter uma espécie de poupança em dólares, o que reduziu a pressão sobre a cotação do dólar oficial e do dólar paralelo, popularmente conhecido no país como dólar blue.