Trabalho.
O avanço tecnológico, em especial nas áreas da biomedicina e da biotecnologia, tornou possível o conhecimento de cura de doenças, mas nos deu poderes nunca antes imaginados sobre a vida humana. O quadro apresentado por Aldous Huxley na obra Admirável Mundo Novo, publicada em 1946, parece estar mais perto da realidade que da ficção.
Podemos identificar que tais questões nos remetem a três dimensões dos problemas bioéticos e biojurídicos: individual, social (ou familiar) e o intergeracional. Assim, não se trata apenas de uma discussão sobre os limites do direito ao próprio corpo, pois envolve interesses de terceiros e também das futuras gerações.
Karl-Otto Apel sustenta que, em razão da amplitude espacial e temporal das ações humanas, torna-se difícil para o homem sentir-se emocionalmente atingido pelas conseqüências de suas ações. Neste ponto, recorre-se à ilustração realizada por Konrad Lorenz sobre a comparação do homem paleolítico com um machado em punho e o piloto que transportou a bomba de Hiroshima. O manipulador do machado de mão ainda apresentava fortes instintos repressivos, pois tinha de se defrontar com seu adversário olho no olho, ou seja, ele via a sua condição de ser humano espelhada no seu adversário. Já a situação do piloto que transportou a bomba de Hiroshima é diferente, pois ele é preservado do encontro humano com o “inimigo”, pois apenas apertou um botão, não-vivenciando as conseqüências da liberação da bomba de forma sensitivo-emocional.
Verificamos, portanto, que a ausência de um sentimento de responsabilidade solidária é um mal do qual padece a humanidade. A sede de viver o presente, instigada pela rede de sedução biotecnológica, desperta a “perda de sentido da continuidade histórica”. A grande ameaça não vem de grupos não-humanos, mas, sim, de subgrupos que fazem parte da humanidade.
Para Maria Helena Diniz, este padrão moral seria “o valor supremo da pessoa humana, de sua vida, dignidade e