TRABALHO SUBSTITUTIVO PARA O SÁBADO LETIVO
Como sabemos, o surgimento da antropologia como disciplina acadêmica está indissoluvelmente ligada à expansão colonialista que se consolidou a partir de meados do século dezenove. A curiosidade do Ocidente sobre os povos “primitivos” foi alimentada, principalmente a partir do século XVII, pelos relatos de viajantes e funcionários administrativos das Colônias. É no final do século dezenove que aquilo que, lembra Rivers, era uma “ciência amadora” baseada em dados coletados “por pessoas que normalmente não possuem treinamento científico” começa a institucionalizar-se e a profissionalizar-se. Inicialmente praticada à maneira do que se convencionou chamar “antropologia de gabinete”, fruto de “etnografias de varanda” – na qual os dados eram coletados através de questionários com os nativos ou com funcionários coloniais e a observação, quando existia, era feita do conforto da varanda. A palavra ethnos é de origem grega e pode ser traduzida como raça, povo ou grupo cultural .Partindo dessa definição, o termo etnografia denota a descrição sócio-cultural de um determinado grupo. Oriundo da Antropologia Social, o método etnográfico representa para o antropólogo muito mais do que um modo de fazer pesquisa ou de coletar dados. Conforme nos mostra Peirano “a pesquisa etnográfica é o meio pelo qual a teoria antropológica se desenvolve e se sofistica”, uma vez que possibilita desafiar os conceitos estabelecidos no confronto entre a teoria e o senso comum do pesquisador e na observação dos nativos estudados. Dito de outra forma, no campo da Antropologia, é na pesquisa de campo, especialmente através da etnografia que o conhecimento é construído. Apesar de tamanha importância para a construção do conhecimento no campo da Antropologia Social, a etnografia ainda é vista por muitos como um método de pesquisa com pouco rigor científico, que favorece um certo relaxamento