Trabalho sociologia
A crise do estado-nação
A CRISE DO ESTADO-NAÇÃO E A TEORIA DA SOBERANIA EM HEGEL
Agemir Bavaresco1
RESUMO: O fenômeno da globalização põe em crise a teoria da soberania moderna, porque o Estado-Nação forjado a partir da autonomia soberana não consegue mais controlar e proteger o seu território, bem como, garantir junto ao povo a legitimação de suas decisões, para incrementar um projeto político. A soberania moderna foi elaborada a partir do Estado-Nação, fechado sobre si mesmo em seu território, e travando guerras de expansão contra outros Estados. Há uma predominância da soberania interna, ocorrendo um eclipse da dimensão inter-estatal, enquanto que a soberania pós-moderna constrói-se a partir do Império Mundial, que desconhece os Estados nacionais. Há um deslocamento do poder para a soberania externa em detrimento da afirmação nacional. Ora, tanto o primeiro como o segundo modelo de soberania caem nos extremos do silogismo, ou seja, não articulam a soberania interna e externa na relação da mediação. Hegel, a nosso ver, propõe uma justa tensão mediadora entre os dois momentos da sua teoria sobre a soberania. PALAVRAS-CHAVE: Soberania moderna e pós-moderna, soberania interna e externa, Estado-Nação, teoria hegeliana.
INTRODUÇÃO O fenômeno da globalização põe em crise a teoria da soberania moderna, porque o Estado-Nação forjado a partir da autonomia soberana não consegue mais controlar e proteger o seu território, bem como, garantir junto ao povo a legitimação de suas decisões, para incrementar
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Professor de Filosofia e Diretor do Instituto Superior de Filosofia da UCPEL/RS. Endereçoautor: Rua Félix da Cunha, 412. 96010-000 - Pelotas/RS - e-mail: abavaresco@atlas.ucpel.tche.br
Sociedade em Debate, Pelotas, 7(3):77-109, Dezembro/2001.
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Agemir Bavaresco
um projeto político. Os elementos clássicos que formaram o Estado-Nação, foram o território, o povo e a soberania. No entanto, é a soberania que constitui o elemento