Trabalho sobre o livro vigiar ou punir
O livro é formado por quatro partes: Primeira Parte: Suplício – O corpo dos condenados e A ostentação dos suplícios; Segunda Parte: Punição – A punição generalizada e A mitigação das penas; Terceira Parte: Disciplina – Os corpos dóceis, Os recursos para um bom adestramento e O panoptismo; Quarta Parte: Prisão – Instituições completas e austeras, Ilegalidade e delinquência e O carcerário.
A preocupação principal do livro é demonstrar, através da forma pela qual homens eram julgados em função dos atos que haviam cometido, como se sucederam diversas formas de subjetividade e diversas formas de saber ao longo da história do ocidente, o que explica que as relações do homem com a verdade, dentro de um processo judicial, são muito mais complicadas do que as reconstituições históricas simples de nossos manuais podem julgar. A fórmula, então, pode ser assim resumida: diversas formas de processo, diversas formas de subjetividade, diversos critérios de aferição da verdade.
O suplício é uma técnica e não deve ser equiparado aos extremos de uma raiva sem lei. Uma pena, para ser um suplício, deve obedecer a três critérios principais: em primeiro lugar, produzir certa quantidade de sofrimento que se possa, se não medir exatamente, ao menos apreciar, comparar e hierarquizar; a morte é um suplício na medida em que ela não é simplesmente privação do direito de viver, mas a ocasião e o termo final de uma graduação calculada de sofrimentos: desde a decapitação – que reduz todos os sofrimentos a um só gesto e num só instante: o grau zero do suplício – até o esquartejamento que os leva quase ao infinito, através do enforcamento da fogueira e da roda, na qual se agoniza muito tempo, a morte-suplício é a arte de reter a vida no sofrimento, subdividindo-a em “mil mortes”