Trabalho Quinhentismo
A carta que o escrivão Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei Manuel I é considerada o primeiro documento da nossa história, e também como o primeiro texto literário do Brasil e é o mais minucioso e importante documento relacionado à viagem da esquadra de Cabral ao Brasil e foi publicada pela primeira vez apenas em 1817, mais de trezentos anos após haver sido redigida, como parte do livro Corografia Brasílica..., de autoria de Manuel Aires do Casal. Isto significa que, até essa época, a história contada sobre a viagem de 1500 foi substancialmente diferente da narrada depois.
O escrivão português foi minucioso na elaboração do seu inventário de diferenças, incluindo não somente pessoas, mas animais, plantas, relevo, vegetação, clima, solo, produtos da terra, etc.
Segue um trecho da carta:
"De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito fremosa. (...) Nela até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muitos bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar"
Assim o escrivão da Armada de Cabral conclui sua carta-relatório ao Rei Manuel, informando sobre o descobrimento do Brasil.
A Carta de Caminha é o relato mais rico e confiável da primeira semana após o Descobrimento. É um diário atípico, ou uma crônica de viagem, revestida das características estilísticas da literatura de viagem do Quinhentismo: a linguagem clássica, simplificada pela necessidade de tratamento objetivo da matéria; clareza; simplicidade; realismo nas observações; crítica equilibrada e, dentro do espírito humanista, uma constante curiosidade e uma persistente capacidade de maravilhar-se.