Trabalho Final Ana S Via HTAII
2375 palavras
10 páginas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOCENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E MUSEOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA
História e Teoria Antropológica II
Roberta B. C. Campos
Antropologia e Perspectivismo: as contribuições das cosmologias ameríndias ao pensamento ocidental
Ana Sávia Farias Ramos
Recife
Janeiro de 2013
O mito fundador
As relações entre Natureza e Cultura não são de forma alguma um tema novo na antropologia, tendo permeado a própria fundação da disciplina como um campo de conhecimento autônomo à medida que, da sua constituição enquanto elementos díspares e opostos, surgiram as condições para a elaboração de um projeto antropológico – qual seja, o de fazer conciliar a unidade biológica do gênero humano com a aparente infinidade de formas pelas quais a humanidade se apresenta (Lévi-Strauss [1962] 1976).
Não obstante, uma espécie de revisionismo com sintomas de crise de consciência ocidental transformaram um glorioso mito fundador em pecado original.
Sob a forma de crítica sobre a legitimidade da antropologia enquanto forma de conhecimento sobre o “outro”, tal revisionismo se desenvolveu em meio a um crescente processo de descentralização discursiva e encontrou sua representação acadêmica nos estudos culturais e na crítica à etnografia como uma forma privilegiada de representação intercultural - correntes interpretativas que, embora distintas em termos de proposta e desenvolvimento, encontram seu ponto de convergência na crítica ao “ocidente” e a tudo aquilo que ele inspira, principalmente, o processo de modernização e a pressuposição da universalidade do conhecimento ocidental.
Os ecos deste movimento se fizeram sentir no âmbito da antropologia sob a forma de um esforço reflexivo sobre suas próprias categorias conceituais. É neste panorama que podemos localizar, por exemplo, a produção de Roy Wagner (2010) e
Bruno Latour (1994) que desenvolveram, respectivamente, suas propostas de antropologia reversa e