Trabalho Filosofia

Como a técnica altera a relação do homem com a natureza

Nada se pode criar sem a natureza. É nesta que surge o trabalho, onde este se realiza, com a qual e por meio da qual se produz coisas. É ainda nela que o trabalhador existe fisicamente. A natureza é o próprio corpo do homem. Nela o homem desenvolve as suas habilidades e imaginação, conhece as suas forças e limitações e aprende a desfiá-las. O mundo moderno, altamente tecnificado, produtivo e competitivo, escraviza o homem, pois este vive porque tem trabalho e trabalha para viver. Se não trabalhar não recebe meios de subsistência e não pode assegurar a sua existência física, e se não a assegurar, não trabalha. O trabalhador torna-se alienado da sua vida no geral. O trabalho faz com que as pessoas se alienem da natureza e de si próprias. A sua atividade surge então como motivo de sofrimento: o homem tem de trabalhar para existir, mas o trabalho obriga-o à alienação. O homem produz mais do que aquilo que necessita, aliena-se completamente e transforma tudo aquilo que cria, levando a sua vida a uma simples existência. A alienação modifica a consciência que o homem tem da própria espécie. Sendo o trabalho a capacidade que o homem tem de criar coisas, de transformar a natureza, torna-se afinal numa forma individual de satisfação das necessidades de subsistência. Uma das consequências do trabalho alienado que surge no trabalhador é a alienação do seu próprio corpo, da sua vida e da visão que ele tem da natureza. O trabalho alienado altera ainda a relação entre os homens, levando à “alienação do homem relativamente ao homem”. Esta relação surge quando o homem alienado no seu trabalho se confronta com outros homens também alienados. Dessa forma, olham de uma maneira alienada para o seu trabalho e para o dos outros. O que sentem em relação ao seu trabalho e ao seu produto é o mesmo que sentem quando olham para o trabalho e para o produto dos outros. O homem está alienado dos outros, e cada um dos outros se