Em 1596, Johannes Kepler (1571-1630) publicou sua primeira obra, intitulada Mysterium Cosmographicum, na qual defendeu o sistema copernicano como superior a todos os outros. Nesta obra, ele propôs uma explicação para a posição e distância dos seis planetas conhecidos com relação ao Sol (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno) a partir de uma organização geométrica do sistema solar. Para tanto utilizou-se da idéia de que os sólidos regulares (o tetraedro, o hexaedro, o octaedro, o icosaedro e o dodecaedro) eram a base com que Deus criou o universo. Kepler imaginou que cada planeta ocuparia uma órbita, cujo raio médio em relação ao Sol era igual ao raio de uma esfera que tocaria internamente as faces de um dado sólido geométrico e, externamente, as arestas de um outro. Este é o primeiro modelo planetário apresentado pelo astrônomo e tem uma grande importância, não só por reforçar o modelo copernicano, mas também por melhorá- lo, e, principalmente, por constituir as sementes das leis planetárias por ele descobertas e publicadas no Astronomia Nova (1609) e no Harmonia do Mundo (1619). A proposta deste trabalho é apresentar este modelo planetário elaborado por Kepler, tão pouco divulgado no Ensino de Física e pouco detalhado na história dos modelos planetários. Serão desenvolvidos os cálculos dos valores das órbitas para cada planeta a partir dos cálculos dos raios das esferas inscritas e circunscritas nos sólidos perfeitos. Também é feita uma comparação com os valores copernicanos das órbitas planetárias. Alguns valores adquiridos apresentam boa aproximação com os valores da época, o que proporcionou a Kepler tamanha impressão que ele, apesar de todo seu rigor matemático, permanecerá com esse modelo em sua mente por toda sua vida. A busca pela comprovação de suas idéias o levará as descobertas que levam seu