trabalho academico
Falar sobre desenvolvimento de crianças gêmeas traz à tona a tradicional e persistente discussão sobre a relação natureza-aprendizagem (nature-nurture), que tem sido o ponto de partida dos pesquisadores. Buscando superar a linearidade que permeia a dicotomia gene-ambiente e que ainda provoca desafios e controvérsias, propomos abordar o tema sob um ponto de vista sistêmico (ou de causalidade sistêmica), que integra domínios subjetivos (relacionais, afetivos e motivacionais) e sociais (históricos e culturais) do desenvolvimento humano (Branco & Valsiner, 1997; Fogel, 1993; Valsiner, 1989).
Reconhecer a agencialidade da criança (Fogel, 1993; Rogoff 2005, Valsiner, 1998) contrapõe-se à ideia de conceber o ser humano como uma "tábula rasa" (empirismo) ou, a ideia de que os genes simplesmente programam características preestabelecidas (inatismo), ambas as ideias atribuindo ao indivíduo um caráter de passividade.
Estudos atuais na Psicologia e na genética comportamental têm buscado definir, particularmente, por que gêmeos idênticos que crescem juntos tornam se, na maioria das vezes, tão diferentes (Bacon, 2006; Dunn & Plomin, 1990; Harris, 2007; Stewart, 2003). Diversas áreas da ciência tentam explicar o "porquê" de isso ocorrer e o "quanto" as características do comportamento e padrões de desenvolvimento são determinadas pela hereditariedade e, ou, pelo ambiente. De modo geral, para avaliação dos efeitos do ambiente e da genética, tem-se reconhecido e investido em análises comparativas e correlacionais com gêmeos monozigóticos (mesma herança genética) e dizigóticos (que compartilham apenas parte dos genes) criados juntos ou separados, e também com comparações entre gêmeos e não gêmeos (Lytton, Singh & Gallagher, 1995; Plomin, Chipuer & Loehlin, 1990).
Segundo Harris (2007), não somente os gêmeos, mas qualquer filho (indivíduo) difere de seus irmãos, embora tenham muitos genes em comum e compartilhem