tomie ohtake faz 100 anos

Tomie faz 100 anos

Descobri o nome Tomie Ohtake quando a estação consolação do metro em São Paulo foi inaugurada. Logo depois foram comemorados os 90 anos da imigração japonesa e uma escultura feita pela artista foi inaugurada na Avenida 23 de maio.
Anos depois fui trabalhar na area de comunicação do Masp, supervisionava os vernissages do museu e a “velhinha japonesa” não faltava em quase nenhuma abertura. Falava pouco, sorria muito e principalmente ouvia as pessoas. Comprimentava sempre todo mundo. Sempre a via também quando ia a vernissages em outros museus ou galerias.
Cerca de trinta anos se passaram desde a primeira vez que ouvi esse nome, e a nossa dama continua firme e forte, produzindo. Não vai mais aos vernissages, mas continua ativa, produzindo.
Sim, hoje quero falar sobre a trajetória de uma artista. Tomie começou a pintar com cerca de 40 anos, depois de ter os filhos criados e formados. Nunca é tarde para começar. Acho que naquela época, nem ela achava que iria viver tanto, ou nem pensava sobre esse assunto. São raros os artistas que possuem 60 anos de produção continua. Onde fazer uma retrospectiva com tantos quadros representativos? A solução encontrada foi fazer uma série de exposições que apresentem leituras sobre a grande produção da artista.
No momento, no Instituto Tomie Ohtake apresenta a exposição “Tomie Ohtake – gesto e razão geométrica”. No Rio de Janeiro está a exposição “Pinturas Cegas”, apresentada no MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro), o novo museu daquela cidade.
Com cerca de 80 obras, a exposição no Instituto Tomie Ohtake é apresentada em duas salas. A primeira mostra uma artista mais contida e delicada. O tema é basicamente a curva, que é explorado durante anos pela artista. Explorar um tema durante anos é comum em inúmeros artistas (procure no Google “Picasso Minotauro”ou “Dalí Rinoceronte”).
O que significa isso? Nada mais que certos assuntos são mais interessantes que outros para certos artistas. É uma questão de gosto