Tolerância oral: uma nova perspectiva no tratamento de doenças autoimunes
Existem mais de 40 doenças autoimunes identificadas com número considerável de pacientes acometidos, essas doenças passam a reagir contra órgãos, tecidos ou células próprias. Várias drogas imunossupressoras têm sido utilizadas na tentativa de controle da progressão de doenças autoimunes, sendo que entre elas a ciclofosfamida tem ação principalmente sobre linfócitos B, e a ciclosporina A e a azatioprina sobre linfócitos T. Porem, essas drogas devem ser de uso continuo e apresentam vários efeitos adversos. Nas doenças autoimunes, onde nem sempre o antígeno alvo é conhecido e o processo pode ser mediado por linfócitos T e/ou B, a solução terapêutica ideal seria a indução de tolerância. Tolerância é a ausência de resposta imunológica agressora a um antígeno específico na ausência de imunossupressão contínua. Tem sido possível a regeneração da tolerância, ou seja, bloqueio da doença autoimune, através da administração de antígenos ou de peptídeos contra os quais a resposta imunológica ocorre. Uma das formas de indução de tolerância é aquela que ocorre pela administração de antígenos por via oral e que é denominada tolerância oral.
A indução e manutenção do estado de tolerância oral depende da natureza e dose do antígeno, da freqüência das exposições ao antígeno e intervalos entre as mesmas, experiências imunológicas prévias, idade em que o primeiro contato com o antígeno ocorre, e fatores genéticos. A tolerância imunológica aos antígenos próprios (self) ocorre principalmente no timo por mecanismos que destroem ou inativam linfócitos T autoreativos através de deleção clonal, anergia clonal ou supressão9. Tem sido relatado que da totalidade de linfócitos T imaturos provenientes da medula óssea que chegam ao timo, apenas 5% atingem a circulação periférica, sendo intensa a taxa de apoptose. As células que chegam a periferia são imunocompetentes contra antígenos estranhos, porém incapazes de