O destaque dado à Psicologia do Desenvolvimento no âmbito das ciências psicológicas tem um cunho social e uma estrutura profissional ligada a uma presença pública, visto estar sempre vinculada à sociedade em que se insere, refletindo suas contradições, tanto na organização interna, quanto em suas práticas. Formula os ideais para o desenvolvimento e acaba “enquadrando” crianças/adolescentes/adultos, participando da formação dos mesmos como sujeitos e como objetos. Não exerce tais influências de forma espontânea e autônoma: surge como uma resposta às representações, imaginação, desejos dos indivíduos e da coletividade, estabelecendo normas a serem seguidas para a formação das pessoas. Ela é a 1ª área que autoriza e legitima a construção de teorias e conceitos sobre os aspectos evolutivos da infância e da adolescência – faz parte das ciências do comportamento, que visam, objetivamente, observar as mudanças exibidas pelos indivíduos, ao longo de sua trajetória de vida. Na atualidade, no entanto, a questão que se tem colocado é: como conciliar o caráter ideológico desse campo do saber com o verdadeiro conhecimento, nas sociedades modernas, em uma época assolada por mudanças profundas no que se refere à imagem da infância e o modo como as pessoas vêm compreendendo e traçando seus próprios objetivos no que se refere ao “vir a ser” da criança no mundo. A noção do desenvolvimento humano passa a ser guiada por normas pedagógicas, fornecendo critérios para o sistema educacional agrupar as crianças, de acordo com a evolução de suas capacidades cognitivas e aptidões específicas. Na verdade, o que a autora procura demonstrar é que os currículos escolares passaram a incluir tarefas ligadas às noções de classificação, seriação, etc., fazendo com que o educador acredite que pode acelerar o desenvolvimento cognitivo das crianças, ensinando-lhes respostas corretas às situações-problemas. Para ela, tais reformulações retratam uma forma lógica de produção (principalmente na