Contextualizando culturalmente e historicamente o filme “Todas as Manhãs do Mundo”, pode-se perceber que ele se passa no século XVII, um século que predominava o poder do Estado, monárquico, e da Igreja, que usavam do poder da retórica de Aristóteles, o poder do convencimento, da persuasão. Portanto as diretrizes culturais e comportamentais eram ditadas pela Aristocracia e pela Igreja, com a sociedade vivendo de modelos, se baseando na idéia do Rei da França, Luis XIV “O Estado sou eu”. Um Período em que a cultura se destacava pelo Barroco, onde é visível muitas características elementares áudio e visuais do filme. A idéia de afetação se faz muito presente, podendo perceber pelas roupas, todas afetadas, com muitos tecidos, panos e volumes; pelos diálogos, dramáticos, fazendo uso de palavras rebuscadas; pelo comportamento, onde apenas o protagonista Saint-Colombe se silencia, não demonstra afetação, sentimentalismo, por conta da perda de sua mulher, sua amada, mãe de suas duas filhas, então há uma compensação nas músicas, totalmente harmônicas e na representação metafórica de sua viola como uma mulher, se isolando com ela e pelo jeito de se segurar, no meio das pernas e toca-la fazendo o uso de todos os dedos; pelos ambientes faustosos, no qual se relaciona com a musica e luz, em um momento crucial no filme, em que uma criança na igreja apaga as velas, representadas pela profunda agonia e melancolia que Saint-Colombe sentia, a musica totalmente harmônica se faz presente, junto também com a meia luz da arte barroca, representando o conflito entre deus e o diabo, idéia muito constante na época. Para concluir, o filme expressa a constante idéia de que a musica chega onde as palavras não conseguem. Expressando sentimentos totalmente abstratos e inexplicáveis.