Toada de Portalegre
José Régio
O tema deste poema de José Régio é o reencontro da esperança.
O autor começa por descrever a solidão que controla a sua vida “(…) de escuro nos recantos, Cheia de medo e sossego, De silêncio e de espantos”. Mas em contrapartida possuía uma certa esperança de que algo de bom acontecesse “Era uma bela varanda, Naquela bela janela!”. Por vezes era inevitável ao autor pensamentos autodestrutivos “A corda com que se enforcam Na trave de algum desvão”, devido à dor que o assolava ao relembrar o seu passado “Cidade onde então sofria Coisas que terei pudor De contar seja a quem for”. Até que, para seu espanto e alegria, surge uma semente trazida pelo vento “Que enche o sono de pavores, faz febre, esfarela os ossos”. Considerando este acontecimento como sendo um sinal do próprio Deus, o autor louva os céus mas sempre pensando no que o levara a fazer semelhante ação “Dum deus que fere…e consola com o próprio mal que faz?” O autor dá graças pela paciência que teve e salienta a vantagem de acreditar na esperança “Quem desespera dos homens, se a alma não lhe secou, A tudo transfere a esperança que a Humanidade frustrou”. A dor do passado revela-se mais específica, como um assumir do irreversível “Mais sonhos de oiro eu sonhara, Bens deste mundo!, que o mundo me levara”. O poema termina com um agradecimento pela companhia com que o vento o proporcionara, dando a ideia que apesar das coisas menos boas que se sucederam ao longo da sua existência, isso tinha-o trazido àquele determinado momento “vento suão!, obrigado… Pela doce companhia”. Como se o crescimento da acácia fosse uma nova etapa para si “Como se fizera um poema, Ou se eu filho me nascesse”.