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NATÁLIA CORREIAO POEMA
O poema não é o canto que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo é a rosa e é aquilo que cresce.
É o pensamento que exclui uma determinação na fonte donde ele flui e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem para lá do homem se atreve.
Os acontecimentos são pedras e a poesia transcendê-las na já longínqua noção de descrevê-las.
E essa própria noção é só uma saudade que se desvanece na poesia. Pura intenção de cantar o que não conhece.
Quando ouvimos falar em poesia portuiguesa dois nomes vêm de imediato a nossa mente: Fernando Pessoa e Luís de Camões – a tal ponto, como certa vez escreveu Miguel Sanches Neto, que a poesia portuguesa moderna estava “limitada ao norte por Álvaro de Campos, ao sul por Ricardo Reis, a leste por Alberto Caeiro e a oeste por Fernando Pessoa”.
Evidente que a poesia portuguesa não se restringe aos dois grandes poetas acima citados. Evidente que há igualmente nomes como os de Cesário Verde, Cruz e Silva, Florbela Espanca, Mário de Sá-Carneiro, entre outros. Todavia, aqui e agora no HUMANASBLOG, vamos dedicar um pequeno espaço a poesia contemporânea de Portugal. São novos nomes como Luís Veiga Leitão, Maria Teresa Horta, Miguel Torga, Glória Cavalcanti, José Pacheco Pereira, Luíza Neto Jorge, Eugênio de Andrade, Mário Cesariny, Natália Correia, Antônio Maria de Lisboa, Jorge de Sena…
Para o eventual transeunte um pouco da poesia portuguesa atual:
EUGÊNIO DE ANDRADE
CANÇÃO
Hoje venho dizer-te que nevou no rosto familiar que te esperava.
Não é nada, meu amor, foi um pássaro, a casca do tempo que caiu, uma lágrima, um barco, uma palavra.
Foi apenas mais um dia que passou entre arcos e arcos de solidão; a curva dos teus olhos que se fechou, uma gota de orvalho, uma só gota, secretamente morta na tua mão.
MIGUEL TORGA
SÚPLICA
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que