TG ED II
“Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo”.
Portanto, é nas produções de sentido do texto que o leitor desempenha um papel ativo e não passivo. Trata-se da leitura do ponto de vista interacionista, que defende que o sentido não é oferecido pelo texto, e sim criado a partir do contato com o mesmo. Por meio da competência leitora, que é formada por seus conhecimentos linguísticos, de mundo e interacionais, o leitor consegue extrair a ideia central daquele texto lido, realizando assim a interpretação e compreensão de mesmo por meio de algumas etapas (leitura silenciosa, esclarecer vocábulos desconhecidos com uso de dicionário e fazer questionamentos a si mesmo).
Assim como usamos um espelho para verificar nossa aparência física, podemos usar a leitura para constatar o que somos no íntimo, ou seja, revelarmos a si próprio, modificando-nos e corrigindo quaisquer defeitos que encontrarmos. Vale ressaltar que, assim como para um espelho ser realmente útil precisa ser usado de modo correto, assim também precisamos ler com atenção e refletirmos sobre o texto a fim de tirarmos pleno proveito do mesmo e vermos os traços que precisam ser aperfeiçoados em nós.
Essa ilustração é reafirmada pelo seguinte pensamento: “Ao lermos, se estamos descobrindo a expressão de outrem, estamos também nos revelando, seja para nós mesmos, seja abertamente. Daí porque a troca de ideias nos acrescenta, permite dimensionarmo-nos melhor, esclarecendo-nos para nós mesmos, lendo nossos interlocutores. Tanto sabia disso Sócrates como o sabe o artista de rua: conversando também conheço o que é que eu digo”.
-Recepção e interação na leitura. IN: Pensar a leitura: complexidade. Eliana Yunes (Org). Rio de Janeiro, PUCRIO ; São Paulo Loyola, 2002, p. 105 (com adaptações).