Textos
( Barcelona: 24/Nov. - Girona : 25/Nov. 2000)
150 Anos de Ensino das Artes Visuais Em Portugal
Por:
Teresa Eça
O ensino das artes visuais nas escolas básicas e secundárias portuguesas tem uma história longa influenciada por factos políticos, sociais e culturais da sociedade em que se insere, este artigo foca alguns traços essenciais dessa história. Entenda-se esta comunicação como uma visão particular do fenómeno, outras histórias poderiam ser contadas segundo diferentes interpretações do contexto.Esta abordagem foca de um modo geral o que foi o ensino das artes visuais em escolas básicas e secundárias portuguesas durante 150 anos.
O peso do catolicismo na educação em Portugal
A marca da igreja católica no ensino e na sociedade portuguesa foi muito profunda, quer seja através dos jesuítas ou de outras ordens , a mentalidade portuguesa nunca se libertou totalmente da sua ideologia. No estudo da escola na sociedade salazarista Filomena Mónica refere que entre 1926/39) para os pedagogos a natureza humana era a da doutrina cristã , a do homem com a mácula original da imperfeição (Mónica, 1978, p.308). O pequeno período da 1º Republica (1910-1926), tempo caracterizado pelo anti-clericalismo onde alguns políticos e intelectuais eram a favor da massificação da educação não teve tempo nem estabilidade política para introduzir no país experiências inovadoras.
A educação reproduz as diferenças de classe e de sexo. As diferenças de classe jogam um papel importantíssimo no ensino, a educação decalca os valores sociais e é sobretudo através da educação que se faz a discriminação social. No estado novo a maioria das crianças portuguesas era analfabeta ( Mónica, 1978), salvo durante a 1ª republica, os políticos e os intelectuais portugueses acreditavam que o povo não deveria ter acesso ao ensino, não precisava de saber ler e escrever. A sociedade