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Sociologia e cidade possuem uma espécie de pacto estabelecido, desde o momento em que o espaço urbano passou a significar a expressão mais evidente de processos sociais. De fato, os teóricos pioneiros do arcabouço sociológico tomaram a cidade como referência importante para pensar a instituição de solidariedades e divisão do trabalho (Durkheim), trocas mercantis e relações de poder (Weber) e acumulação e dominação do capital (Marx). Cabe, portanto, lembrar que a sociologia nas pegadas da modernidade teve a cidade emergente como pano de fundo para identificar situações de anonimato, conflitos sociais e múltiplas sociabilidades que fazem o viver cotidiano do cidadão.
Não por acaso, uma análise sobre teorias da cidade caminha ao lado de uma incursão sobre as formas contemporâneas sociológicas de interpretar o mundo social. É nesse percurso da cidade como vivência e interpretação, que o livro de Bárbara Freitag toma como objeto de reflexão as teorias da cidade em uma perspectiva diacrônica ampla, percorrendo as principais escolas da sociologia urbana.
Se a teoria pode ser vista como abstração de contingências empíricas ou históricas, o livro de Bárbara Freitag incursiona em uma perspectiva diferente, expondo o pensamento sobre o urbano em sua afirmação concreta: uma fonte de inspiração para urbanistas, arquitetos e planejadores. Inspiração muitas vezes utópica, como a autora enfatiza em sua introdução, tornando não casual as reflexões feitas por urbanistas e sociólogos sobre as articulações entre cidade e imaginário.
As investigações de Bárbara sobre as intinerâncias das capitais brasileiras, que é tema de sua pesquisa mais recente, já consideraram a recuperação do arcabouço imaginário que cercou as deliberações políticas presentes nas disputas por hegemonia de poder, cujo exemplo mais significativo encontra-se na construção de Brasília.
O livro revela também as itinerâncias da autora por capitais européias,