SONHOS NÃO MUITO DISTANTES Pesquisa mostra as diferentes adolescências espalhadas pelo Brasil (Guilherme Werneck) Você já teve a sensação de que fala, fala e ninguém entende o que você quer dizer? De que você está numa fase da vida em que os mais velhos ainda não sabem se tratam suas opiniões como as de um adulto ou como as de uma criança? Pois sinta-se valorizado. O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou na semana passada uma extensa pesquisa em que amplifica as opiniões de jovens como você. Chamado “A Voz dos Adolescentes”, esse levantamento ouviu 5280 jovens com idades que variavam de 12 a 18 anos incompletos, em todas as regiões do Brasil. O legal é que, para ter uma amostra que representasse os mais de 21 milhões de adolescentes que existem no país, a pesquisa ouviu jovens de diferentes raças, idades e classes sociais, respeitando as indicações do Censo 2000, feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “A pesquisa não traça um perfil do adolescente brasileiro, mas traz relatos das diferentes adolescências que existem no país”, explica Mário Volpi, oficial do Unicef que coordenou o levantamento. Isso quer dizer que, na pesquisa, estão registradas experiências tão diferentes quanto a de um jovem branco da classe A que mora em São Paulo e a de um negro da classe D que mora em Iranduba, no interior do Amazonas. Mas todas essas vozes servem para quê? Segundo Volpi, com a análise dos dados coletados, será possível traçar políticas públicas baseadas nas necessidades reais dos jovens, e não na ideia que se tem da juventude. Dessa forma, foram ouvidas as opiniões dos adolescentes sobre educação, família, trabalho, lazer, cultura, pobreza, violência, drogas, sexualidade, sonhos e expectativas. Em muitas das áreas, a pesquisa