Texto mitológico e texto filosófico
De acordo com a TEOGONIA (), de Hesíodo:
Na rebelião dos deuses pelo poder, Cronos (Saturno), destronou o pai Urano (Céu), amputando-lhe os testículos. Lançados ao mar, os órgãos de Urano fecundaram mais uma vez, formando uma grande espuma. Dessa espuma, surgiu amparada numa grande concha de madrepérola, Afrodite (Vênus), a mais bela de todas as deusas.
Afrodite, a deusa do amor, é uma das mais poderosas divindades do Olimpo. Deuses e mortais estão a ela submetidos, pois todos são suscetíveis à paixão, e às armadilhas do desejo. Afrodite é a deusa da paixão, que pode amenizar o coração dos homens, ou fazê-los enlouquecer. É a sexualidade latente, deusa do sêmen que reproduz a vida, do prazer que envolve o ato, do torpor que une os corpos.
Sendo a deusa mais bela do Olimpo, atraiu para si o desejo e a paixão de todos os deuses, mas foi obrigada por Zeus (Júpiter), a desposar Hefestos (Vulcano), o deus feio e coxo da forja e do ferro. Inconformada com o casamento, a deusa não deixou de viver a voluptuosidade impetuosa do seu ser. Traiu Hefestos com os mais belos deuses, sendo a sua paixão com Ares (Marte), o deus da guerra, a mais famosa das suas lendas.
Afrodite é voluntariosa, amiga dos amantes, mas inimiga da sensatez. Representa a doçura dos apaixonados, a languidez dos desejos, o idílio da entrega dos corpos. Foi ela quem prometeu o amor da bela Helena ao príncipe Paris, sem se importar com uma sangrenta guerra que devastou Tróia para que os amantes vivessem a paixão prometida. O amor passional e a loucura estão muitas vezes unidos no mesmo cântico de louvor à deusa. Podem juntos, destruir ou construir o mundo.
Sendo a mais bela de todas as deusas, Afrodite foi representada em diversas obras de arte gregas. Ela era considerada o ideal da beleza feminina na Grécia antiga. Apolo representava o ideal de beleza masculino. Os artistas esculpiam a deusa com traços humanos perfeitos, distanciando-na cada vez mais de uma representação