texto dia muldial da tv
Sempre que era para ir a algum lugar de demorar, o tio Chico dizia que íamos à «casa andeia». Nunca percebi aquilo. Era uma dica dos mais velhos. Nem mesmo a tia Rosa fazia só o favor de me explicar. Nada.
Todos riam e eu apanhava do ar. Nessa noite o tio Chico falou:
– Dalinho, vamos à casa andeia.
Deviam ser umas sete da noite e fazia frio de cacimbo fresco.
Isso da «casa andeia» muitas vezes era então ficarmos sentados num bar com os mais velhos a beber um monte de cerveja e a comer quase nada. Se havia outras crianças eu ainda ia brincar mas normalmente nem já isso. conversavam, a tia Rosa muito tempo calada. Eu brincava
Os homens também bebia mas ficava um pouco se houvesse jardim
ou mesmo rua. Depois sentava-me no colo da tia Rosa e começava a «encher o saco», como dizia o tio Chico.
Começava a perguntar se já íamos embora, dizia que tinha sono e fome, mas só me respondiam que estava quase a chegar a hora de irmos. E vinham mais cervejas.
Muitas mais.
A cerveja era a bebida preferida do tio Chico. A cerveja em muita quantidade, para dizer bem as coisas. O tio Chico era uma pessoa que podia beber muita cerveja e não ficava bêbado, podia mesmo conduzir o
Dia 21 de Novembro Dia Mundial da Televisão
BE do Agrupamento de Escolas D. Francisco Manuel de Melo
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carro dele nas calmas. Só não podia misturar. Um dia o tio Chico misturou vinho e whisky e depois mandou parar o carro que o filho dele ia a conduzir, começou a me abraçar e a falar à toa. Eu fiquei com vontade de chorar mas a tia Rosa veio me dizer que aquilo era normal.
Mas se fosse só cerveja, acho que ninguém aguentava o tio Chico. Um dia, num desses lanches de fim de tarde, enquanto eu comia, ele, o amigo dele e a tia Rosa varreram assim uns trinta e nove copos de cerveja. Desta vez o tio Chico disse que íamos à «casa andeia » mas era só a brincar. No caminho eu ouvi ele dizer à tia Rosa que íamos à casa do
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