Texto de teatro: "A Serpente"
(É a separação. Décio está fechando a mal, levanta-se e vira-se para Lígia).
Décio – Pronto
Lígia – Você não vai falar com papai ?
Décio – Pra que falar com teu pai ? Não falei com a principal interessada que é você ?
Lígia – Então porque não desaparece? Pode deixar que eu mesma falo. Como é suja a nossa conversa.
Décio – Não me provoque, Lígia !
Lígia – Engraçada sua insolência. Não se esqueça que nós estamos casados há um ano e que você...
Décio – PARA !
Lígia – Me procurou só três vezes. Ou não é? Três vezes você tentou o ato, o famoso ato. Sem conseguir, ou minto ? (Décio avança para a mulher. Segura Lígia pelo pulso).
Décio – Cala essa boca.
Lígia (voz chorosa) – Não, não !
Décio – Você não me conhece ! Você me viu chorando a minha impotência. Mas eu sou também homem que mata. Queres morrer ? Agora ? (Décio a esbofeteia) Olha pra mim, anda, olha ! Diz agora que és puta. Diz, que eu quero ouvir.
Lígia (lenta) – Sou uma prostituta.
Décio – Eu não disse prostituta. Eu quero puta.
Lígia – Vou dizer. Sou uma puta!
Décio (a solta) – Agora olha pra mim e presta atenção. Se você fizer um comentário sobre a nossa intimidade sexual, seja com quem for, venho aqui e te dou seis tiros. E quando estiveres no chão, morta, ainda te piso a cara e ninguém reconhecera a cara que eu pisei. (Décio sai e entra Guida.
Guida – O que esta havendo nesta casa ?
Ligia – Ah, Guida ! Você chegou no pior momento. Nunca houve um momento tão errado !
Guida – Não fala assim. Olha pra mim, Ligia. Você e Décio brigaram ?
Ligia – O que você acha ?
Guida – Não acho nada. Parece que está todo mundo louco nessa casa.
Ligia – Nos separamos.
Guida – Você e Décio ? E tão de repente ? Não acredito. Você teria me falado antes. Outro dia, eu disse a Paulo “Ligia não me esconde nada”. Mas me diga, e o amor ?
Ligia – Que amor ?
Guida – O amor de vocês. Nunca você se queixou antes, nunca disse uma palavra contra o Décio.
Ligia – Um canalha !!!
Guida – Só hoje você