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Correntes críticas: o que são e como nos ajudam a compreender o texto literário?
Susana Souto
Teoria da literatura é uma denominação interessante, às vezes, assustadora. Não a ouvimos, em outros níveis do ensino. No Ensino Fundamental, estudamos apenas Português. No Ensino Médio, estudamos Português, Redação, Literatura. Essa denominação surge pela primeira vez, em nossa vida de estudantes, quando entramos na universidade, mais especificamente, em um curso de Letras, que a tem como parte integrante da sua grade curricular. O primeiro contato costuma ser difícil, como vocês viram no semestre passado. Algumas pessoas resistem à reflexão teórica sobre literatura, talvez por ser uma arte, portanto, algo associado, muitas vezes, apenas ao prazer, à fruição, não ao estudo crítico, teórico, sistemático. No entanto, as aulas de Teoria da literatura visam nos fornecer instrumentos, conceitos, procedimentos, para que possamos elaborar uma análise crítica dos textos literários.
Há diversas possibilidades de elaborar essa análise. Muitos grupos de pesquisadores discutiram quais seriam os melhores modos, as mais indicadas metodologias de pesquisa do texto, quais os conceitos mais importantes para realizar a tarefa crítica. Esses grupos criaram, portanto, procedimentos metodológicos, propuseram conceitos e procedimentos de análise e ficaram conhecidos como correntes críticas, escolas críticas ou movimentos críticos.
Muitas foram as correntes críticas que se formaram, ao longo do século 20. Todas buscaram compreender o texto literário, ou seja, todas tinham como objeto de estudo o que denominamos literatura. O que as distingue, no entanto, é o modo de compreender o fenômeno literário. Em linhas gerais, podemos estabelecer um quadro dessas correntes. Vejamos como esse quadro se organiza.
Crítica de caráter imanente
Imanente significa inerente ao texto, interno, portanto, desvinculado de fatores extraliterários. Essas correntes aproximam-se bastante da linguística.