Teste de Poesia
Poema à mãe
Olha – queres ouvir-me? – às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos;
No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo dos teus olhos!
ainda aperto contra o coração rosas tão brancas como as que tens na moldura; ainda ouço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio de um laranjal…
Tudo porque tu ignoras que há leitos onde o frio não se demora e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo são duras, mãe, e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas que apertava junto ao coração no retrato da moldura!
Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos…
Mas – tu sabes – a noite é enorme e todo o meu corpo cresceu…
Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas…
Boa noite. Eu vou com as aves!
Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe!
Eugénio de Andrade, Antologia Breve
GRUPO I
1 – Indique o assunto deste texto.
2 – Justifique a utilização do adjetivo adormecido na segunda estrofe.
3 – Indique as razões que o sujeito aponta para a existência de um amor infeliz.
4 – Explique o que poderão simbolizar as rosas que o sujeito apertava no retrato.
5 – Ao contrário do que acontece com as pessoas, um retrato é imutável, isto é, fixa uma imagem num determinado tempo e não a altera apesar da passagem dos anos. Relacione esta
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afirmação com o conteúdo do poema, indicando o significado e a relevância da moldura na intenção do sujeito poético.
6 – Explique e relacione o significado dos seguintes versos:
Eu saí da moldura (…) E deixo-te as rosas…
7 – Olha – queres ouvir-me? – / Mas – tu sabes – a noite é enorme. Refira em