Tese Tiras Comicas
XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Curitiba, PR - 4 a 7 de setembro de 2009
Revendo o Formato da Tira Cômica1
Paulo RAMOS2
Resumo
Este artigo procura demonstrar a relevância do formato na constituição das tiras cômicas e de como tais dimensões têm sido revisadas nos últimos anos no Brasil. Entendemos que ocorra nas últimas décadas um comportamento semelhante ao presenciado há um século pelos pioneiros das histórias os quadrinhos nos Estados Unidos. Como propõe o pensador russo Mikhail Bakhtin, há uma instabilidade dentro da estabilidade do gênero.
Como consequência, traz a necessidade de uma reavaliação da definição de tira.
Palavras-chave
Tira cômica; história em quadrinhos; formato; suporte; gênero
Tira cômica
Há uma definição mais ou menos consensual do que seja uma tira. Ela é sintetiza desta forma pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: “segmento ou fragmento de história em quadrinhos, geralmente com três ou quatro quadros, e apresentado em jornais ou revistas numa só faixa horizontal”. Há uma tendência, pelo que se vê, de que o formato seja um fator relevante para que a tira seja entendida como tal. Um sinal claro disso é o fato de as dimensões físicas dela terem popularizado o nome dessa forma de produção quadrinística.
O formato interfere também na maneira como é produzida e recebida por quem a lê. Os salões de humor brasileiros, que costumam manter uma categoria só para tiras, são um reflexo disso. A definição de “tiras” orienta não só o desenhista que pretende inscrever um trabalho no processo seletivo, mas também o júri que irá fazer a triagem do material e a consequente escolha da(s) história(s) vencedora(s).
Tomemos como exemplo o regulamento do 35º Salão Internacional de Humor de
Piracicaba, um dos mais conhecidos do país. Nas regras, consta o que os organizadores
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Trabalho apresentado no NP de Produção Editorial do IX Encontro dos