Territorialidade
O conceito de territorialidade foi definido em 1920 por um ornitólogo inglês, H. E. Howard, como sendo "a conduta característica adotada por um organismo para tomar posse de um território e defendê-lo contra os membros de sua própria espécie". Raffestin (1993, p. 159) e Le Berre (1995, p. 602) atestam essa origem no campo das ciências naturais, na área da etologia. Soja (1971) faz uma discussão crítica das tentativas de se traduzir para o âmbito humano comportamentos espaciais próprios dos animais. Ressalte-se, no entanto, nessa linha, o esforço de E. Hall (1989) através do conceito de "proxemics" ou proxemia, um refinamento da territorialidade animal, que define uma espécie de envoltório ou bolha invisível que delimita espaços individuais, atuando como uma linguagem silenciosa, acompanhando os indivíduos como "territórios" portáteis pessoais e cujo limite varia segundo a percepção e uso do espaço enquanto um componente cultural especializado. A proxemia de Hall parece estar restrita a um âmbito celular ou molecular, isto é, sua consistência depende apenas da escala individual, pois só existe a nível pessoal; portanto, não poderia ser transposta para um nível espacial mais amplo como o de uma região ou país.
Para Soja (1971, p. 19), no âmbito da conotação política da organização do espaço pelo homem, a territorialidade pode ser vista como "um fenômeno comportamental associado com a organização do espaço em esferas de influência ou de territórios claramente demarcados, considerados distintos e exclusivos, ao menos parcialmente, por seus ocupantes ou por agentes outros que assim os definam". Soja (p. 19) argumenta que "ao nível individual, por exemplo, uma das mais claras ilustrações da territorialidade humana pode ser encontrada na forma como no Ocidente se estabeleceu a propriedade privada da terra" (Grifo adicionado).
Raffestin considera que a territorialidade é mais do que uma simples relação