TERRA VERMELHA
A obra retrata o processo de aculturação dos índios guarani-kaiuwá que vivem confinados em uma reserva da FUNAI, onde eles vêem sua floresta ancestral pouco a pouco ser derrubada para dar espaço a extensas áreas de pastagens em grandes propriedades particulares.
O suicídio de duas meninas Guarani-Kaiowá desperta a comunidade para a necessidade de resgatar suas próprias origens, perdida pela interferência do homem branco. Um dos motivos do desaparecimento gradual da cultura reside no conflito gerado pela disputa de terras entre a comunidade indígena e os fazendeiros da região. Para os Kaiowás, essas terras representam um verdadeiro patrimônio espiritual e a separação que sofreram desse espaço é a causa dos males que os rodeiam.
Uma disputa metafórica é criada. A compreensão e o diálogo buscam espaço nesse antigo conflito, enquanto o jovem Osvaldo que vive um terrível embate contra os desejos de morrer, vai furtivamente buscar água no rio que corta a fazenda e conhece a filha do fazendeiro. Um encontro em que a força do desejo transpassa e ao mesmo tempo acentua o desentendimento entre as civilizações..
A ocupação de terras por indígenas reportada pela mídia revela a situação deplorável em que vivem, o espaço é limitado e não comporta o seu modo de vida cultural, resultando em disputas com fazendeiros, assassinatos, desnutrição, alcoolismo, mortalidade infantil, e uma taxa assustadora de suicídios.
A vulnerabilidade e os riscos das práticas sexuais de poligamia, poliandria e poliginia tem contribuído para o aumento das doenças sexualmente transmissíveis, o aparecimento da AIDS e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Este último tem sido considerado um agravo importante dentro das áreas indígenas e verificado como importante causa da desagregação social, da violência, suicídios, etc., além de sua correlação com outras patologias.