Teoria Sociologica
Há mais de quatro séculos, a ciência vem progressivamente dominando o pensamento ocidental, suplantando outras formas de conhecer e de explicar a realidade. Entretanto, este domínio de mistificação da ciência no contexto da revolução científica e técnica, com profunda penetração nas mais diversas esferas da vida social, também gerou o seu contrário: uma crítica à sua própria natureza. A este propósito, recentemente afirmou Abramovay (2004, p. 10):
A ciência retira sentido do mundo, já que faz dele um ' cosmos de causalidade natural', algo perfeitamente explicável e, portanto, desprovido de mistério. Ao mesmo tempo, a ciência se caracteriza exatamente pela impossibilidade de uma visão única, completa, acabada a respeito dos fenômenos que estuda: é provisória por definição e, portanto, é aí que reside exatamente sua força, que consiste sempre em ser superada por novos avanços.
A demarcação entre ciência e pseudociência não é apenas de ordem filosófica, tem também importância ético-política e epistemológica (Ianni, 2001). No plano ético, critica-se o seu significado social e político, denunciando-se as conseqüências do desenvolvimento científico e tecnológico em relação à qualidade de vida. Enfatiza-se aqui a impotência da ciência frente aos dilemas e problemas do homem e sua busca de felicidade e realização. O conhecimento científico tanto pode promover a criação como a destruição de forças sociais, a riqueza dos indivíduos e das nações, assim como fomentar as desigualdades e a pobreza. Assim,
(...) a ciência não é capaz de fornecer respostas a questões essenciais a respeito do sentido da vida ou da morte, por exemplo. Buscar na ciência a receita para a conduta individual ou social é abrir o caminho para o totalitarismo. O cientista não é um formador de utopias, e sim alguém cuja contribuição social está em sua capacidade crítica, na elaboração e utilização de conceitos [e métodos] que permitam compreender inclusive as