teoria literaria
O canto de Marcelino freire pode ser lido como um conjunto de contos narrativos há uma fala dramatizada que hipoteticamente imagina-se um leitor “coator e coautor” do conhecimento que se elabora da linguagem. A fala compara-se a performance de uma dramaturgia à espera da interpretação de um autor.
O tom de pergunta e resposta presente no canto traz à memória a lembrança às manifestações populares, o desafio de caracterizar a maior parte das formas advindas da oralidade.
No Canto I “Trabalhadores do Brasil”, o primeiro parágrafo pontua o narrador, o assunto e o papel do narratório: “Enquanto Zumbi trabalha cortando cana na zona da mata pernambucana Olorô - Quê vende carne de segunda a segunda ninguém vive aqui com a bunda preta pra cima tá me ouvindo bem?” (Freire, 2005, p.19).
Os efeitos poéticos são criados a partir da ausência de pontuação (“vende carne de segunda a segunda”) ajuda a imprimir um tom ansioso de resposta a um narratório que só no fim do conto e identificado como “heim seu branco safado?”.
A pergunta “tá me ouvindo bem”, além do sentido oralidade que estamos tentando pontuar, funciona com um estribilho, uma espécie de refrão que reitera a força da indignação. A última frase do canto remete como a um último verso de um poema, ao mote que retorna ao início e redimensiona o sentido do texto inteiro: “Ninguém aqui é escravo de ninguém”. Na enumeração dos trabalhadores do Brasil, passam, além de Zumbi e Olorô- Quê, Odé,