Teoria da maternida
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Psicologia da Maternidade: Alguns Aspectos da Teoria e Prática de Intervenção
ISABEL PEREIRA LEAL (*)
i. INTRODUÇÃO
Habitualmente radica-se a ascensão da Psicologia da Saúde num movimento herdeiro das conceptualizações biopsicossociais de Engel (1970) e Lipowski (1977). Este modelo que cresce e se desenvolve dentro da própria medicina como alternativa ao clássico modelo biomédico perspectiva uma visão holística do homem, da saúde e de doença. Como todos os modelos possui os seus méritos e os seus limites. Um desses limites, é do nosso ponto de vista, o que promoveu a criação do mito da «humanização», conceito hibrido e vago que, até hoje, circula nas teorias e nas práticas assistenciais em geral e nas de cariz psicológico em particular. De facto, dizer que a Psicologia da Saúde surge como resposta A necessidade de humanização dos cuidados de saúde (Dieksma, 1990) acaba por ser algo pueril e excessivamente simplificador de uma realidade por demais complexa. Os processos e vicissitudes que se encontram no território próprio da saúde, não fazem mais do que reproduzir, i3 sua própria escala, aquilo que a sociedade mais vasta, define a cada momento como sendo os seus valores e os seus problemas. Nesse sentido, o desenvolvimento da Psicologia da Saúde, é paralelo ao de muitas outras psicologias temáticas: a psicologia
(*) Professora Auxiliar, ISPA.
forense, educacional, empresarial, económica, etc. etc., e tal como nesses casos, não faz mais do que nomear uma área de intervenção. Neste caso na saúde. E como tradicionalmente a visão sobre a saúde se define pela negativa, quer dizer pela doença, a Psicologia da Saúde nasce tomando como população aquela que corresponde a um espaço previamente delimitado pela intervenção na saúde e na doença. Este espaço, habitualmente assimilado ao espaço médico é entretanto entrecruzado por múltiplas disciplinas e discursos, uns científicos e outros nem tanto. E, se em muitas