A literatura de cordel surgiu na metade do século 19, no Nordeste, para relatar ao sertanejo iletrado os mitos da cultura local e de fora, de forma épica, cantante e fácil de decorar por quem não sabia ler. É um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Hoje, a literatura de cordel saiu das ruas, passou pelos livros e chegou às escolas cearenses por meio do projeto Acorda Cordel, idealizado pelo cordelista Arievaldo Viana. "Fui alfabetizado pela literatura de cordel, em 1973. Os folhetos eram as únicas leituras disponíveis. Primeiro, decorava os versos lidos por minha avó. Depois, ela foi me ensinando a identificar as letras e a formar palavras", disse o poeta na época do lançamento do projeto, que tem como carro-chefe um livro didático de sua própria autoria.