Tecnologias em saúde
Lilia Blima SchraiberAndré MotaHillegonda Maria Dutilh Novaes
GÊNESE DO CONCEITO
Difícil será falar da gênese do conceito ‘tecnologia’ sem referir o conceito de ‘técnica’. Difícil também será separar o que a história reuniu: técnica e tecnologia na produção de ‘trabalho’.
No campo da saúde, observa-se uma redução usual da tecnologiaa equipamentos, e mais, a equipamentos médicos. No entanto, atecnologia deve ser compreendida como conjunto de ferramentas, entre elas as ações de trabalho, que põem em movimento uma ação transformadora da natureza. Sendo assim, além dos equipamentos, devem ser incluídos os conhecimentos e ações necessárias para operá-los: o saber e seus procedimentos. O sentido contemporâneo de tecnologia, portanto, diz respeito aos recursos materiais e imateriais dos atos técnicos e dos processos de trabalho, sem, contudo, fundir estas duas dimensões. Além disso, dado o grande desenvolvimento do saber técnico-científico dos dias atuais, este componente saber da tecnologia ganha qualidade estatuto social adicionais. Ao buscar precisar melhor estas condições, para explorá-las no trabalho em saúde, os estudos de Lilia B. Schraiber referem-se à tecnologia como saber que, se já tem a grande qualidade de propiciar atos técnicos (transformações das coisas por sua intervenção manual), é construído, valorizado e visto, sobretudo, pelo que possui de conhecimento complexo: “um conhecimento do tipo teoria. Diremos: uma teoria sobre práticas ou modos de praticar (...)” (Schraiber et al., 1999). Alguns autores chamam este saber de teoria científica das técnicas ou tecnologia – a ciência das técnicas (Gama, 1986; Lenk, 1990); outros, simplesmente ciência, sem diferenciar as ciências tecnológicas das ciências básicas, em razão da grande aproximação histórica entre ciência e técnica (Granger, 1994).
Técnica (techné), dirá Ricardo L. Novaes (1996), é o termo grego para designar uma ‘ordem de produção’ que pressupõe um engendramento, uma criação