TEatro
O objetivo que o guiava não era impossível, ainda que sobrenatural. Queria sonhar um homem: queria sonhá-lo com integridade minuciosa e impô-lo à realidade. Esse projeto mágico esgotara o inteiro espaço de sua alma. (...) No começo, eram caóticos os sonhos; pouco depois, foram de natureza dialética.
O forasteiro sonhava-se no centro de um anfiteatro circular que era de certo modo o templo incendiado (...)
O homem, um dia, emergiu do sono como de um deserto viscoso, olhou a luz vã da tarde que, à primeira vista, confundiu com a aurora e compreendeu que não sonhara. Toda essa noite e todo o dia, contra ele se abateu a intolerável lucidez da insônia.
Jorge Luis BORGES. As ruínas circulares.
Otto DIX. A família Müller, 1919.
O lugar e a
“radi[eg]ografia”
supremacia
do
“E[u]xpressionismo”:
uma
(...) verifica-se, ao mesmo tempo, uma viragem contra o teatro ilusionista; o expressionismo já não pretende reproduzir a realidade exterior e opõe ao drama naturalista de ambientes sociais um drama de ideias em contexto fortemente emocional, ideias expressas através de uma sequência livre de imagens simbólicas (...). Daí também as numerosas experiências no sentido de superar a separação entre plateia e palco, a oposição ao palco à italiana, as pesquisas na arte de desempenho (com forte influxo do teatro asiático) que procuram assimilar a pantomima e a máscara da commedia dell’arte e o estilo grotesco (Meyerhold) ou ritmo musical (Adolph Appia), assim como a
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tendência de criar uma cenografia estilizada, com fortes elementos de abstração simbólica (Gordon Craig). (...) O teatro começa a se revelar.
Anatol ROSENFELD [*]1. O teatro épico.
Expressionismo funcionaria “Como uma radiografia que não apresenta semelhança exterior com um objeto, mas revela a estrutura interior deste, como nenhuma fotografia poderia fazê-lo.
Elmer RICE [*]. Teatro vivo.
O mundo exterior desdobrava-se, articulava-se em dois planos, onde