Teatro Papalagui e Tuivii
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ROTEIROINTRODUÇÃO
HOMEM BRANCO: A meu ver, reside nesta franqueza inocente, nesta falta de respeito o valor que tem para nós, europeus, as falas de Tuiavii e a razão para serem expressadas. A guerra mundial fez-nos incrédulos em relação a nós mesmos; começamos nós também a questionar as coisas no seu verdadeiro conteúdo; começamos a duvidar de que sejamos capazes de realizar o ideal que temos de nós mesmos dentro de nossa cultura.
Desçamos, por uma vez, das alturas do nosso espírito até a maneira singela de pensar e ver deste homem dos mares do sul que, ainda vive do fardo da instrução e ainda primitivo no modo de sentir e de pensar nos ajuda a descobrir em que nós perdemos o sentido sagrado homem, criando, em compensação, ídolos sem vida.
TUIAVII: Do lugar onde a vida é de mentira e dos muitos papéis... a vida do Papalagui assemelha-se a vida do mar, cujo princípio e fim jamais se pode ver com exatidão... assim como o mar não existe sem água, assim não pode haver vida na Europa sem a vida de mentira e sem os muitos papéis.
A cultura indígena se adapta a natureza é mais instintiva que racional, busca mais o prazer dos sentidos que a elevação espiritual, enquanto o homem branco despreza a humildade e a simplicidade de uma vida pacata e sadia sem ambição.
*APAGAR AS LUZES
INDÍGENA: Papalagui está sempre preocupado em abrir a sua carne.
HOMEM BRANCO: O corpo e o membro são carne; somente aquilo que está acima do pescoço é que é o homem realmente, deve-se considerar apenas a cabeça, pois nela reside o espírito com todos os pensamentos bons e maus.
INDIGENA (Irônico): É necessário mesmo cobrir todo corpo?
HOMEM BRANCO: Só permitimos que a cabeça e se necessário as mãos fiquem descobertas, pois, não podemos obter a moralidade mostrando a nossa carne.
INDÍGENA: Mas a carne é um pecado? Ela é do aiteu?
INDÍGENA (Intrometer): Do espírito maligno?
TUIAVII: Existe ideia mais tola? A crer no que diz o branco, deveríamos querer, como ele, que a nossa carne fosse dura como a