tarde de sabado
Direcionaram-se a mim e o miúdo magrelo me pediu um modelo de celular, mostrei a ele, e, claro, com duas palavras percebi: Paulista, daqueles que acham que São Paulo é a melhor cidade do mundo e o país não seria nada sem o Estado deles! O magrelo queria mesmo era dar uma “zoadinha” de leve num mineiro, tentou fazer alguma piadinha sem graça, mas logo respondi : “Sou de SP”. Acabou a graça na hora, me olhou diferente, com outros olhos.
Aqueles olhos me cativaram. Olhos de menino que acabara de perder um brinquedo e ganhou outro, dono de um sorriso de ferro aparentemente bem cuidado, bermuda tactel, camiseta lisa, chinelo velho e Ray Ban na cabeça. Era um jeito largado, sem se importar, ou melhor, achando um absurdo com quem se importa em calçar tênis e calça. Magrelo, largado, usufruindo de um andar debochado, mas com um fundo inocente.
Fiquei nervosa, acho até que minha mão gelou. Eu não sabia o que fazer e ri da frase que eu nem ouvira. Comecei a falar sobre as características do aparelho. “Vou levar”. Ótimo, vender foi fácil, difícil foi segurar meu estômago embrulhando e meu riso incontido. Queria que ele saísse dali. Eu estava confusa, embaralhada, vermelha, sorrindo, com vontade de vomitar.
Não sei como, perguntei se eles tinham namoradas, respondeu que dos três só um namorava, no qual não era ele. Ufa!
Fui buscar o produto fechado. Aproveitei pra respirar. Eu estava afobada. Entreguei a caixa, conferi os adereços e o número do telefone. Ele se foi. Fiquei observando aquele ser pequeno e engraçado a andar no meio dos grandões... tão magrelo e desengonçado, como pôde me balançar assim¿ Eu devia