Taos Of badass
11).
Acrescente-se a essa reflexão a idéia segundo a qual a AD recusa a concepção que faria da discursividade um suporte de “doutrinas” ou mesmo de
“visões de mundo”. O discurso, bem menos do que um ponto de vista, é uma organização de restrições que regulam uma atividade específica. A enunciação não é uma cena ilusória onde seriam ditos conteúdos elaborados em outro lugar, mas um dispositivo constitutivo da construção do sentido e dos sujeitos que aí se reconhecem. À AD cabe não só justificar a produção de determinados enunciados em detrimento de outros, mas deve, igualmente, explicar como eles puderam mobilizar forças e investir em organizações sociais (Maingueneau, op. cit.:50).
Assim, acredito que a AD fornece um instrumental teórico adequado para a realização de uma leitura crítica dos discursos, sejam eles ligados a uma prática doutrinária explicitamente institucional, sejam eles ligados a práticas discursivas de acontecimentos cotidianos, considerados menos “rígidos” do ponto de vista da instituição.
Ao recorrer à AD, tomo como ponto de partida a noção de interdiscurso, segundo a qual uma formação discursiva não deve ser concebida como um bloco compacto que se oporia a outros, (...) mas como uma realidade heterogênea por si mesma (Maingueneau, 1987:112). A assunção do primado do interdiscurso sobre o discurso permite pensar a identidade discursiva a partir de relações intradiscursivas, essas últimas fundadas em um espaço de trocas, e