Sócrates ou o escândalo de perguntar:
O texto proporciona uma diferente abordagem inicial, introduzindo a esposa de Sócrates, Xantipa, como um dos fundamentais fatores para que o filósofo exercesse sua atividade da forma que o fez. Tal afirmação se dá pois Xantipa é, claramente, uma esposa agressiva que fazia tudo a seu alcance para repreender a forma de vida de seu marido. Enquanto tal atitude pode ser entendida como uma forma de impedir o fazer filosófico de Sócrates, na verdade o efeito obtido é o oposto. Ao tornar seu lar um lugar desagradável, Xantipa nada faz além de impulsionar seu marido a passar mais tempo nas ruas e praças de sua cidade, proporcionando uma grande interação com a população e fazendo de Sócrates um indivíduo muito mais conhecido do que seria caso se fixasse em seu lar. Sócrates utiliza de um método pouco convencional para proporcionar a reflexão naqueles que encontra. Trata a todos da mesma maneira, independentemente de posição social ou cargo político e em suas conversas faz uso de ironia e artifícios dialéticos para mostrar que, na verdade, o indivíduo com quem fala nada entende sobre o assunto que previamente havia afirmado conhecer com tanta certeza. Devido a essa atitude, muitas vezes conquista a antipatia de autoridades e da população em geral. Vale ressaltar, porém, que Sócrates não busca de forma alguma se mostrar superior com seu método. Em sua perspectiva, o homem precisa, antes de tudo, conhecer a si mesmo, e a melhor forma de realizar tal tarefa é prestando contas com si próprio. Por isso Sócrates indaga a todos sobre o que afirmam serem suas certezas, para proporcionar ao indivíduo a capacidade de prestar contas com si mesmo. Ao saber o que se diz, alcança-se o reto pensar, o que se caracteriza como a única coisa que importa para Sócrates. E é essa busca na qual ele insiste por toda sua vida, e que tenta incutir naqueles com quem em contato. Sócrates não oferece respostas, mas oferece inúmeras