Síntese: Narradores de Javé
No início do filme, se cria uma expectativa de que a cidade pode ser “salva das águas”, mas a única pessoa que pode ajudar é a que sabe escrever – evidentemente ninguém da cidade tinha essa capacidade – então, todos depuseram a confiança em um sujeito que nunca pensaram em ter como assistência. Antônio Biá, o “intelectual alcoólatra”, foi responsável para escrever o “livro da salvação”, chamado A Odisseia do vale do Javé, que iria conter acontecimentos importantes que houve em Javé. Assim, Biá passou de um contador de mentiras para um contador de histórias.
No decorrer do filme, Antônio Biá visita várias pessoas no vale de Javé para poder contar suas histórias no livro, e é interessante citar que o povo, que era desconhecido para moradores de fora, gostava de sentir-se importante, por conseguinte diziam ser descendentes de algumas figuras marcantes na história do vale de Javé, como Indalécio (líder que guiou o povo até encontrar novas terras) e Mariadina (que a vida ficou em questão, se era uma louca ou uma líder).
Apesar de que no desfecho, Biá mostra que nunca mudou o seu jeito de ser, a memória que foi construída no decorrer da obra de Eliane Caffé, demonstra que os moradores de Javé sempre estiveram sujeitos à mudanças. No início, o povo saiu em retirada, pois foram expulsos de sua antiga terra. A coroa portuguesa iria explorar dali o ouro; Novamente o povo de Javé estava sendo expulso por autoridades, para a construção de uma usina hidrelétrica. Em suma, Javé sempre foi uma terra próspera,