Síntese Antropoloia da Criança

O livro Antropologia da Criança traz à tona diversas discussões que giram em torno do significado de infância de acordo com estudos da antropologia infantil.
A autora, Clarice Cohn, nos permite um olhar diferenciado do ser criança: não como indivíduo incompleto, mas um ser em constante crescimento, capaz de agir, interagir, descobrir e transformar o mundo.
A obra faz várias abordagens sobre o tema desde os primeiros estudos que datam de 1930 a estudos mais recentes e inovadores, e aponta a contribuição da Ciência antropológica para a compreensão da criança e de seu mundo a partir do seu próprio ponto de vista.
Cohn apresenta também uma importante discussão acerca do tema infância ao mencionar os estudos feitos por Philippe Ariés, que mostra a construção destes conceitos ao longo da história.
Clarice, por meio de sua pesquisa etnográfica, menciona que a criança é capaz de produzir saberes e culturas com trocas de experiências em suas relações cotidianas, como evidencia em seu estudo em uma aldeia indígena (Xikrin) onde, na vivência com os adultos, elas passam a adquirir autonomia em suas decisões, partindo da observância das necessidades grupais, agindo com reciprocidade e cooperação, gerando um ciclo de favores e até criando outras possibilidades de pensamentos para os adultos. Daí infere-se que a autora coloca a criança também como indivíduo “docente” em uma sociedade.
Ainda com o modelo dos Xikrin, ela afirma serem elementos fundamentais para a formação intelectual e social das crianças os sentidos sensoriais. Aplicando de maneira quase que involuntária, as crianças observam, tocam, escutam e sincronizam esses sentidos de modo a surtir efeitos de compreensão e formação de ideias, gerando novos interesses e enxergando a existência de horizontes a serem alcançados.
Com outras etnias e grupos sociais diversificados: Saramaká do Suriname, estudado por Richard Prici, e meninos de rua de São Paulo, por Maria Filomena Gregori, evidencia os mesmos princípios,