suicídio
Quem, num lampejo de dor diante do imponderável, não se questiona: será que eu poderia ter feito alguma coisa que evitasse uma atitude tão extrema? Quem sabe um sorriso, uma papo mais prolongado? E a dúvida mais dolorosa: o que eu não fiz? Família, parentes não muito próximos, amigos, colegas de profissão, conhecidos eventuais e até desconhecidos são sacudidos, chacoalhados diante do ato de tirar a própria vida.
Não há explicação, não há compreensão. Não há consolo possível. E não haverá, jamais, o esquecimento. A marca do ato, seja desesperado, calculado, qualquer que tenha sido a sua motivação fica gravada na alma, como uma tatuagem não sarada, que teima em sangrar um pouquinho a cada lembrança, a cada som, sempre numa mesma sensação de susto, de remorso pelo que não se conseguiu adivinhar.
A mente humana, é um mistério como a vida e a morte, uma espécie de santíssima trindade, onde o entrelaçamento leva a apenas uma certeza: a nossa finitude.
Não foi preciso ver a cena, sequer ter ouvido o som do disparo. O sentimento de pavor, desespero e incredulidade foi quase o mesmo em cada uma das pessoas que estiveram próximas do local onde a realidade cruel da vida praticamente dá um soco na cara de cada um. Diante de uma escolha incompreensível, as reações são as mais diversas. Mas o sentimento de culpa, por mais mínimo que seja, fica pairando no ar.
Quem, num lampejo de dor diante do imponderável, não se questiona: será que eu poderia ter feito alguma coisa que evitasse uma atitude tão extrema? Quem sabe um sorriso, uma papo mais prolongado? E a dúvida