Suicídio na imprensa
XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Fortaleza, CE – 3 a 7/9/2012
Análise do Discurso Jornalístico: Reflexões Sobre a Cobertura de Suicídios pela Imprensa1 Ailim Oliveira Braz SILVA2 Universidade de Brasília – UnB, Brasília, DF
RESUMO Este artigo traz como referência principal a análise do discurso, focando-se nos discursos que imperam sobre o fazer jornalístico, mais especificamente sobre a cobertura e divulgação de casos de suicídios. Por meio do levantamento bibliográfico sobre análise do discurso, teorias do jornalismo e do tema “suicídio”, busca-se identificar os critérios que fazem do suicídio um tema não noticiável e os diversos discursos em torno deste tema ao longo da história. Para tanto, aborda-se, entre outros pontos, a relação discurso-poder-influência do jornalismo, segundo a definição de Foucault. PALAVRAS-CHAVE: jornalismo; discurso jornalístico; suicídio; crítica da informação.
INTRODUÇÃO
Conforme descrevem alguns estudos sobre o suicídio, tornou-se comum entre jornalistas e veículos de comunicação a ideia de que a divulgação desse tipo de ocorrência poderia desencadear uma série de novos casos, numa espécie de “efeito Werther”, termo referente à publicação alemã “Os Sofrimentos de Werther”, de Goethe, na qual um rapaz se mata devido a um amor não correspondido. O livro abriu o romantismo na literatura europeia, no fim do século XVIII, e chegou a influenciar muitos jovens na mesma situação de Werther, a ponto de ser citado em cartas de despedida encontradas junto aos corpos das vítimas. O livro, na época, chegou a ser proibido na tentativa de evitar novas ocorrências. Ainda hoje, o suicídio é considerado um tabu. A sociedade o vê como resultado de uma anomalia psíquica e a mídia evita falar sobre o assunto. A maior polêmica se refere ao papel instigador ou preventivo que a imprensa pode assumir, visto que, dependendo da abordagem realizada,