Sonhador
Análise da obra
Romance de segunda fase, A Relíquia, de Eça de Queirós, publicado em 1887, nos dá uma visão pessimista do autor, de um Portugal demasiadamente conservador de que Titi é a principal representante; há também uma crítica ferina, contundente e cruel desta mesma sociedade portuguesa, ressaltando-se aí os defeitos do clero, o que já fora anteriormente feito em O Crime do padre Amaro (que faz também parte da segunda fase do autor). Desta vez, no entanto, a crítica é muito mais aguda e mostra as criaturas que fariam qualquer coisa por um pouco de dinheiro.
Principalmente neste romance o autor hostiliza os que ostentam o mundo de aparências; a própria D. Patrocínio, tão beata e tão piedosa, mas que, por discordar do modo de viver de um sobrinho "pecador', deixa-o morrer doente, sem atender-lhe os pedidos.
Estrutura da obra
O romance está dividido em cinco grandes capítulos, todos inominados.
Foco narrativo
O romance é narrado em terceira pessoa. O narrador é onisciente. Ele move-se lentamente pelo cenário, descrevendo detalhes mínimos de objetos ou vestuário, colocando o leitor dentro da cena de maneira realista. Esse apego à minúcia é outra marca queirosiana, que não pode ser esquecida.
Espaço / Tempo / Ação
O espaço principal é Lisboa e, também, a Terra Santa para onde o narrador se dirige numa viagem patrocinada por Titi.
O tempo da narrativa é cronológico e a narrativa linear, transcorrendo no período entre namoro de Luísa, a morte da mãe, o abandono pelo namorado, estendendo-se pelos dois anos de seu casamento com Jorge, até a viagem e volta desse.
A ação passa-se no final do século XIX.
Problemática e principais temas
A Relíquia é um romance que consegue atingir seu objetivo principal de criticar a sociedade lisboeta através de sua temática principal da inutilidade da hipocrisia. Esta é vista como juízo moral que parece prevalecer por um curto período na memória do próprio