Sociologia
Estudos do Trabalho
Ano V – Número 8 - 2011
Revista da RET Rede de Estudos do Trabalho www.estudosdotrabalho.org
Notas sobre a Precarização do Trabalho no Brasil José Sergio Leite Lopes1
O surgimento da noção de precarização parece estar associado às modificações na organização da produção no período pós-fordista, dos anos de 1980 em diante, no sentido de diminuir custos e subtrair direitos da força de trabalho. O termo estaria também correlacionado às novas práticas de terceirização—passagem de atividades supostamente não essenciais à finalidade da empresa; passadas a outras empresas, empresas terceiras, com diminuição de direitos dos trabalhadores, com a freqüência de contratos temporários de mão de obra. A noção faz sentido também no contexto de um ataque à sociedade salarial e ao Estado social (como desenhado na conhecida análise de Robert Castel) que foi sendo construído ao longo do século XX nos países centrais da Europa e alguns outros espalhados pelo mundo. No entanto, a precarização do trabalho parece ser uma dimensão permanente do trabalho sob o capitalismo. No caso do Brasil, que parte de uma história de quatro séculos de escravidão, a precarização do trabalho é uma característica constitutiva de sua formação social. As repercussões desta história vêm sendo estudadas e ainda estão por ser aprofundadas analiticamente. As formas de dominação personalizadas prevalecentes na agricultura brasileira – setor que concentra a maioria da população brasileira até os anos de 1960 – têm importância na forma que assume o processo de proletarização e formação de um operariado no Brasil.
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Antropólogo, professor associado do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Antropologia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: antropologia do trabalho e dos trabalhadores, meio ambiente e conflitos sociais, história social das ciências sociais relacionadas ao trabalho e antropologia do esporte.