Sociologia dos conflitos
Ao longo da história, surgiram períodos de equilíbrio de forças entre os Estados, não como forma de se obter a paz, mas sim de prevenção quanto ao surgimento de um único que sobrepujasse os demais. Dentre esses períodos, destacam-se aqueles formados após a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648); o Concerto Europeu, estabelecido na Conferência de Viena a partir de 1815; e o bipolar que se originou do conturbado relacionamento entre as potências hegemônicas da União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS) e pelos Estados Unidos da América (EUA), denominado Guerra Fria.
Essa última “ordem mundial”, formada após o fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), foi sepultada em 1989 com a queda do muro de Berlim, somado a desagregação do Império Soviético em 1991, instante a partir do qual se abriu um novo momento de indefinições e mudanças na política internacional.
Nesse período de equilíbrio de forças, prevaleceu a lógica da competição. Contudo, em 1945, instituiu-se a Organização das Nações Unidas (ONU), como tentativa de formar um organismo internacional que regulasse as regras de conduta no sistema internacional e garantisse uma paz duradoura pós-conflito, buscando a socialização em detrimento da competição.
Observa-se porém, um aumento de conflitos regionais e internos após o fim da Guerra Fria, gerando assim, pressões no sistema internacional para intervenção, legitimadas por questões de defesa da democracia ou dos direitos humanos, quando na verdade, tais intervenções acabam por esconder as verdadeiras razões dos Estados.
Em função do questionamento: “Em uma era de múltiplas transformações, conflitos são inevitáveis?”, este trabalho terá como propósito fundamentar, por meio da intervenção da ONU no território líbio em 2011, as razões da inevitabilidade dos conflitos nos dias atuais. Para tal, faz-se necessário compreender como se formalizaram as relações nos sistemas internacionais e suas transformações, bem como as motivações dos diversos atores